Exposição do artista José Pires inaugurada a 15 de maio no CCC

Posted on 5/09/2012 by UNITED PHOTO PRESS MAGAZINE

José Pires
No âmbito das Festas da Cidade, a Câmara das Caldas da Rainha vai homenagear o artista plástico José Pires, a 15 de maio, no dia da Cidade, com uma exposição composta por 24 obras pintadas a acrílico e aguarela. “As Sementes da primavera”, assim se designa a mostra que vai ser composta por trabalhos produzidos entre 2011 e 2012, em homenagem ao feminino “como semente ou embrião de esperança”

A exposição comissariada por Jaime Costa estará patente no CCC e vai ser inaugurada no dia 15 pelas 11h00.

José Pires nasceu nas Caldas da Rainha em 1956. Cedo envereda por um percurso artístico, dedicando-se ao desenho, à pintura e à cerâmica. Aos doze anos já fazia retratos a carvão nas ruas da baixa de Lisboa à troca de um maço de tabaco.

“Em mais de quatro décadas de dedicação, exclusiva às Artes Plásticas, e fruto de um valioso talento, aliado uma rara sensibilidade, José Pires produziu mais de 5 mil originais – cerâmica, desenho, pintura e escultura”, disse o comissário da exposição, acrescentando que “a mulher tem sido, sempre, o seu “leit motiv”.

Segundo o presidente da Câmara das Caldas, José Pires é um artista de “muito talento” já com mais de 30 anos de carreira. São várias as exposições que fazem parte do seu currículo. Já expôs na Bélgica e na Holanda e muitas pessoas têm apreciado a sua obra. Tem uma veia artística ligada à cerâmica que “não é inferior à sua pintura”, adiantou o autarca, sublinhando que é uma “figura caldense com muito mérito que merece esta homenagem que a cidade lhe vai prestar, e que, tal como acontece a muitos outros artistas, a arte não lhe permitiu ter um nível de vida de qualidade”. “Foi uma vida inteira de grandes privações e humildade”, acrescentou Fernando Costa.

Como escreveu, Matilde Tomaz do Couto, no catálogo da exposição de José Pires, que será lançado no dia da inauguração, “o seu berço são as Caldas, a sua musa é a mulher, exprime-se pela pintura e fala-nos de sentimentos e da existência”. “O meritório percurso da pintura de José Pires esboça-se também nesta procura da abstração da figura, da sua diluição na geometria das linhas, da sujeição a um programa plástico de busca do essencial. Tema central e inspirador da sua criatividade é a mulher, simbolicamente entendida como natureza e essência de vida, geradora de afetos, motivo de ternura, mas também protagonista de lutas quotidianas e de resistência”, refere Matilde Tomaz do Couto.

“Um Olhar, Uma Linguagem” ou “Os Sentidos do Olhar” são títulos que, na sua abrangência e amplitude, poderiam descrever o programa, o “sentido” deste certame, o “olhar” derramado sobre as coisas, a poesia de uma “linguagem” sensível que as interpreta, as representa e lhes empresta a experiência do vivido. Sentimentos emanam como intenção subjacente à obra, seja “O Vale Romântico” e “Uma Lágrima no Tempo” ou o “Sentimento de Ternura” e “O Beijo”, seja até na “Melodia” e em “Ouve o Teu Silêncio”, a projetarem o sentir no tratamento da cor e na luz alcançada. O movimento, o claro-escuro trabalhado através da sobreposição geométrica das linhas e das formas mostra-se intencional na “Fusão de Corpos” e mesmo nas “Camponesas”, nas “Conversas de outono” e na “Boneca de Trapos” ou na experimentação dos “Corpos em Movimento” e no “Movimento de Corpos”. Reflexões sobre a vida recebem tonalidades delicadas e sugestões diluídas, como a “Metamorfose da Infância” e “Ana a Poetisa” ou o retrato cuja denominação “Danúbio Azul” revela outros significantes. E falando de retrato, uma menção à “Bela Camponesa”, na sua construção em planos de cor, de luzes e sombras, e porque não à particular identidade e alusão infantil do “Menino da Rua”. Os costumes, a região, a Cidade aparecem tratados com sensibilidade e carinho, presentes nas “Mulheres da Nazaré”, quadro em contidos volumes monocromáticos, e nas “Mulheres na Praça da Fruta”, exuberante de cor, duas realidades distintas e como tal entendidas na sua representação feminina. O prazer cúmplice da cor mais uma vez é convocado pela abstração do “pôr do sol Outonal” ou do “Vale das Ceifeiras”, numa gramática cromática e decorativa que percorre todo o conjunto da exposição”, adiantou Matilde Tomaz do Couto, que ficou rendida às obras do artista.

Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS, o artista plástico mostrou-se grato à Câmara das Caldas pela oportunidade de expor as suas obras no CCC. “Apesar dos trabalhos terem sido feitos em circunstâncias um pouco difíceis devido às minhas possibilidades económicas tenho que admitir que foi dos melhores trabalhos que fiz nos últimos anos”, disse José Pires, agradecendo também ao comissário todo o apoio prestado a este projeto.

Segundo o artista, os quadros que pintou para a mostra têm uma simbologia muito forte em relação à mulher, porque sempre foi a sua “fonte de aspiração”. “Há um afeto muito grande nas telas que transparece quando se olha para elas”, afirmou José Pires. “As grandes amizades na minha juventude foram com mulheres”, manifestou.


Currículo de José Pires

Nasce nas Caldas da Rainha em 1956 | Cedo envereda por um percurso artístico, dedicando-se ao desenho, à pintura e à cerâmica | Torna-se ceramista profissional em 1972 | 1972 – 1989 é Vidrador e Forneiro na Secla, Caldas da Rainha e de 1989 a 1991, vidrador e pintor na Fábrica de Faianças Artísticas das Caldas da Rainha |

Em 1983 participa no “Atelier de Arte Experimental – ARGILA”, Caldas da Rainha (com Maria Antónia Paramos) | 1992 – 1994 Vive na Bélgica, onde expõe trabalhos |1994 – 1995 Vive em Paris | 1995 Regressa a Portugal, expondo regularmente. A exposição revela-nos os últimos trabalhos em aguarela, abordando temáticas diversas.

Exposições Individuais

1982 – Galeria da Comissão Regional de Turismo de Leiria | 1983 – Casa da Cultura das Caldas da Rainha / Galeria da Comissão Regional de Turismo de Leiria | 1984 – Solar de Santa Maria, Óbidos | 1992 Galeria Café Alexander, Caldas da Rainha/ “Cores de Lisboa”, Baile, Largo Conde Barão, Lisboa/ Casa Pia, Lisboa/ “A Menina e as Flores”, Galeria Café Alexander, Caldas da Rainha | 1993 – Galeria Café Alexander, Caldas da Rainha/ “A Mulher Pobre”, Art Gallery Ganzendries, Pelleberg, Bélgica e em Hoegaarden, Bélgica/Ostende, Bélgica | 1995 – “O Silêncio que pertence aos sonhos não morre”, Ciclo de Aves Raras, Terreiro das Gralhas, Caldas da Rainha | 1986 – “Rio Dourado”, Galeria Café Alexander, Caldas da Rainha | 1997 – Galeria Século XVII, Leria | “Brincando na Areia”, Sala de Exposições do Turismo, Peniche | 1999 – “Uma Lágrima no Tempo”, Galeria Pepper’s, Caldas da Rainha | 2000 – Galeria Pepper’s, Caldas da Rainha | 2001 Galeria Pepper’s, Caldas da Rainha / Associação Comercial dos Concelhos das Caldas da Rainha e Óbidos | 2002 – MM, Galeria d’Arte, Caldas da Rainha | 2003 – Olhos de Aguarela – MM, Galeria d’Arte, Caldas da Rainha | 2005 – Paredes de Coura, no Centro Cultural. | 2008 – 1ª República, Museu Bernardo, CR | 2009 – 1ª Mostra Erótico-Paródica de Caldas da Rainha

Exposições coletivas

1980 – Estufa Fria, Lisboa | 1982 – Hotel Lisbonense, Caldas da Rainha | 1994 – “Mostra por Mostra”, Embaixada Portuguesa em Bruxelas, Bélgica | 1996 – “Rio Dourado” e “Cantos Rodados”, Museu de Peniche, Peniche | 1998 – Galeria Pepper’s, Caldas da Rainha | 1999 – Galeria Pepper’s, Caldas da Rainha | 2001 – Galeria da Livraria Arquivo, Leiria. | A Arte Contemporânea nas Caldas da Rainha, Comemorações dos 75 Anos de Elevação a Cidade, Atelier-Museu António Duarte | 1998, 1999, 2005; Coletiva Pepper’s, Caldas da Rainha

Outros Trabalhos

1996 – Capa do Livro “Ponte Levadiça” de Isabel Gouveia, Editorial Minerva | 2000 – Cartaz do “Dia Mundial do Doente”, a convite do Voluntariado do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha.

Representação em Museus e Coleções

Faz parte das coleções dos Museus Municipais de Óbidos, Peniche, da Casa Pia de Lisboa, do Banco Português do Atlântico das Caldas da Rainha e da Embaixada de Portugal em Bruxelas | Encontra-se ainda representado em diversas coleções particulares em Portugal, Holanda, Bélgica, França, Canadá, Espanha, Alemanha, EUA, Noruega e Arábia Saudita.

Marlene Silva