A musa e o minotauro

Posted on 12/16/2011 by UNITED PHOTO PRESS MAGAZINE

A musa e o minotauro é o título popular para a coleção de gravuras que Pablo Picasso fez inspirado em seu caso de amor com Marie-Thèrése Walter, que se tornou sua amante aos 18 anos, quando ele próprio tinha 50. Distante do público desde 1951, as estampas voltam à cena nas galerias do Museu Britânico.


O caso de amor entre Picasso e Marie-Thérèse


Pablo Picasso e Marie-Thèrése

Muitas vezes Picasso se retratou como um minotauro meio homem, meio touro, da mitologia grega. Um monstro capaz de uma sexualidade violenta, erótica e, até, cruel. Era assim que o pintor se via, um homem capaz de devorar as mulheres com suas paixões. Foi assim que viveu.

O caso de amor entre Pablo Picasso e Marie-Thérèse Walter

Pablo Picasso conheceu Marie-Thérèse (1901-1977), no dia 8 de janeiro de 1927, em frente à Galeries Lafayette (Paris). Na época, o pintor era casado com a bailarina Olga Khokhlova, mesmo assim, daquele ano em diante, Marie-Thérèse permaneceria próxima a casa da família.

Quando Picasso comprou um castelo, em Boisgeloup (1930), que usou como estúdio, principalmente para esculturas, Marie-Thèrése ainda era a sombra da família e a musa do pintor. Olga, a esposa, só descobriu o caso de amor do marido quando Marie-Thèrése ficou grávida. Acabou abandonando Picasso e indo morar, com seu filho Paulo Picasso, no sul francês.

A filha de Picasso e Marie-Thèrése, Maya, (foto ao lado), nasceria em 5 de setembro de 1935. Embora o pintor nunca tenha se divorciado de Olga, para evitar a partilha de bens, Pablo e Marie-Thèrése viveram juntos até 1936, quando a mulher se mudou para Le Tremblay-sur-Mauldre, próximo a Versalhes.

Picasso continuou visitando as duas mulheres, mesmo depois da mudança. Naquele mesmo ano, Picasso se encantaria por outra mulher, Dora Maar (1936). Foi o fim do caso com Marie-Thèrése. No entanto, mantiveram contato até pelo menos 1943. O pintor visitava a ex-amante semanalmente e para ela escreveu longas cartas de amor.

O artista se responsabilizou financeiramente pelas duas mulheres até o final da vida, em abril de 1973. Quatro anos depois, 20 de outubro de 1977, Marie-Thèrése cometeu suicido na garagem de sua casa em Juan-les-Pinos (Côte d'Azur/França).

Em sua carta de despedida para a filha Maya, Marie-Thèrése falou de um impulso irresistível. Maya escreveu mais tarde que não foi apenas a morte do pai que levou ao suicídio sua mãe, mas a “insanidade” da relação entre eles. Na carta Thèrése diz:
“Eu não podia suportar a idéia de que ele estava sozinho, sozinho, com seu túmulo cercado por pessoas que não podiam dar-lhe o que eu havia lhe dado."

Uma das mais famosas pintura que Picasso fez de Marie-Thèrése


Le Rêve (O sonho) é uma das mais famosas pinturas que Picasso fez de Marie-Thèrése e, talvez, a mais polêmica.

Segundo alguns, a tela foi pintada em uma tarde de janeiro de 1932. Le Rêve (imagem ao lado) é uma representação pictórica distorcida, um esboço bastante simplificado de cores contrastantes, que lembra os fauvistas (as feras – grupo de artistas modernos caracterizados pelo uso do pictórico e das cores fortes, em contraponto ao impressionismo).

A grande controvérsia causada pela pintura é seu sentido erótico, simbolizado pelo presumível pênis ereto no rosto (face direita) da modelo.

Um diário visual de amor – A musa e o minotauro


O diário construído por Picasso durante sua relação com Marie-Thérèse Walter pode ser considerado um diário de amor. Em aproximadamente cem gravuras o pintor si autoretrata, muitas vezes como um minotauro, ao lado de sua amante e musa.

Criadas entre 1930 e 1937, as gravuras são conhecidas como “Suíte Vollard”, por ter sido negociada por Ambroise Vollard. Agora pertencentes ao Museu Britânico, por doação de Hamish Parker, serão apresentadas, após cinquenta anos, ao público inglês.

Gravuras – A musa e o minotauro

O minotauro acaricia uma mulher dormindo (1933)

O minotauro, cego, é guiado por uma menina no meio da noite (1934)

A modelo, nua, pousa para o escultor (1933)

A modelo olha-se ao espelho, enquanto o escultor a observa (1933)

Vollard II (1937)


Modelo olha sua cabeça esculpida (1933)

Escultor e modelo apreciam a escultura (1933)

A escultura, a pintura e a modelo (1933)