O fado nas artes plásticas nacionais

Posted on 7/07/2011 by UNITED PHOTO PRESS

Intitulada “Ecos do Fado na Arte Portuguesa XIX-XXI”, a exposição estará patente até Setembro na Sala do Risco no Pátio da Galé, à Praça do Comércio, em Lisboa.

“O fado também influenciou outras artes” e da pintura à gravura, passando pelo desenho e pela escultura, esta exposição “mostra o enraizamento do fado no território e que sempre foi objecto de fascínio dos artistas”, disse Sara Pereira, directora do Museu do Fado e comissária da exposição.

“A mostra documenta a história do fado à luz da sua representação e do seu enraizamento na cultura portuguesa, em termos locais e nacionais, mesmo os que em paralelo com a literatura demonstraram algum antagonismo relativamente ao fado, como é exemplo a tela 'Anti-fadismo', de Cândido da Costa Pinto”, disse a responsável.

Sara Pereira sublinhou que “artistas com diferentes constrangimentos ideológicos simbólicos ou estéticos incansavelmente têm representado o fado”.

Segundo a investigadora, a entrada oficial do fado no domínio das artes plásticas é marcada pela apresentação, em 1910, do quadro “O Fado”, de José Malhoa.

“Nesta mostra apresentam-se estudos da obra de Malhoa, uma primeira versão de ‘O Fado’, de 1909, muito semelhando à versão conhecida de 1910. Serão também expostos estudos para a mesma obra de 1908 onde é possível perceber uma terceira figura feminina, muito provavelmente uma alcoviteira”, contou.

Sara Pereira referiu ainda que existem obras que documentam a guitarra portuguesa no século XIX, quer em representações extraídas da literatura de viajantes, quer de outras representações "de carácter mais etnográfico".

A responsável citou, entre outros, o quadro “O Marujo”, de José Maia, “A Festa na Aldeia”, de Leonel Marques Pereira, e os desenhos de Columbano Bordalo Pinheiro representando guitarristas, todos da segunda metade do século XIX.

Na Sala do Risco estarão patentes cerca de 90 peças, entre elas inéditos de Júlio Pomar, “um deles em que retrata Fernando Pessoa e Alfredo Marceneiro em conversa”, contou.

Há obras assinadas por Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Almada Negreiros, Raquel Roque Gameiro, caricaturas de João Abel Manta, o retrato de Amália Rodrigues por Leonel Moura, o "Coração Independente", de Joana Vasconcelos, e a interpretação de João Vieira do emblemático quadro de Malhoa.

A mostra abre com a peça de João Pedro Vale, “Barco Negro”, que “remete para as mitológicas origens marítimas do fado”, disse Sara Pereira.

(IB)