Arquitetos famosos destacam genialidade de Niemeyer

Posted on 5/11/2008 by UNITED PHOTO PRESS

Oscar Niemeyer está para a arquitetura como Pablo Picasso para a pintura: é um nome universal, um mestre da estrutura curvilínea, um dos pais do modernismo, mas também um humanista e um homem comprometido.Essa é a opinião mais difundida entre colegas famosos de profissão do arquiteto brasileiro, como o britânico Richard Rogers, o italiano Renzo Piano, o português Álvaro Siza, o americano Richard Meier, a anglo-iraquiana Zaha Hadid, os mexicanos Ricardo Legorreta e Teodoro González de León, o espanhol Juan Herreros e a italiana Gae Aulenti, que deram suas impressões sobre Niemeyer à Agência Efe. O arquiteto brasileiro comemorou sábado passado 10 de Maio 08 aniversário de 100 anos. "Oscar Niemeyer é um grande arquiteto, um dos professores que deram forma ao modernismo", afirma Rogers, que destaca os edifícios "belos, plásticos, com boas proporções e dinâmicos" que "combinam a escultura, a funcionalidade e a ciência com a arte".Prêmio Pritzker (o Nobel da Arquitetura) como Niemeyer, sir Rogers não esconde seu encanto pela obra do brasileiro e demonstra ter uma queda especial pelo pavilhão da Galeria Serpentine, no Hyde Park, em Londres."É como se ele passasse 100 anos depurando sua obra e alcançasse uma singeleza mágica", elogia o britânico, autor, junto com o italiano Piano, do emblemático Museu Georges Pompidou de Paris.Rogers envia ainda a Niemeyer uma mensagem efusiva: "Feliz aniversário, e tomara que você possa seguir fazendo nosso mundo mais belo".Piano, por sua vez, afirma que a arquitetura de Niemeyer, que esteve no júri que atribuiu a construção do Pompidou a ele e a Rogers, "canta, tem voz e as cidades necessitam de edifícios que cantem"."Do contrário, tudo fica plano demais, cinza", completa.Também prêmio Pritzker, Piano avaliou que, além das doutrinas de Niemeyer com relação às formas, e da "marca profunda" que deixou na profissão sua forma de entender um "compromisso político e o papel cívico", o que lhe vem à cabeça quando pensa no arquiteto de Brasília é "a alegria da arquitetura".Essa "magia" que Piano diz buscar em seus edifícios é "um pouco a alegria de Niemeyer", que "não é vazia" porque "por trás há um papel político, o de fazer arquitetura para que o povo a aproveite e para que a cidade seja um local de felicidade".Para outro prêmio Pritzker, o português Álvaro Siza, Niemeyer sabe das dificuldades políticas que afetam a evolução da arquitetura e foi capaz de superá-las "com a coragem de um sonho nunca interrompido".A referência a Niemeyer ajudou no processo de "reconquista da liberdade criativa, de conjunção entre tradição e modernidade", declara Siza, que lembrou ainda o fascínio que produziam em sua geração os projetos do brasileiro: "Pilares como pontos, paredes como finas linhas onduladas, a forma quase dissolvida, com tudo tão nítido e tão novo e tão evolutivo".Niemeyer é uma "pessoa que inspira a todos aqueles que querem criar edifícios maravilhosos como os que ele fez ao longo de toda sua carreira", diz, por sua vez, Richard Meier.O arquiteto diz gostar da pureza e da clareza transmitidas nas obras de Niemeyer, como nas estruturas da sede do Partido Comunista francês em Paris, da editora Mondadori em Milão ou do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Rio de Janeiro.Meier, que também tem o Pritzker, agradece ao brasileiro por "sua enorme contribuição ao mundo da arquitetura".A influência de Niemeyer também foi "profunda e duradoura" na obra da anglo-iraquiana Zaha Hadid, segundo ela. Hadid destaca que "a originalidade, a sensibilidade espacial e o talento (do brasileiro) são absolutamente únicos e insuperáveis".As idéias da anglo-iraquiana são compartilhadas pelo mexicano Ricardo Legorreta, para quem Niemeyer está dotado de "uma criatividade e um talento natural impressionantes" e soube criar "uma arquitetura universal". A obra-prima do brasileiro, segundo Legorreta, é o Palácio da Alvorada.Outro mexicano, Teodoro González de León, considera Niemeyer um "fora de série, porque quebrou o estigma dos arquitetos que necessitam de idade" para lançar projetos interessantes."Não há um Mozart na arquitetura porque é uma arte da experiência, mas há pessoas que absorvem a experiência com uma rapidez bárbara, como Niemeyer", que tem como características as palavras "liberdade", "leveza" e "frescor", segundo De León.Apesar da "voluptuosidade" de seu trabalho, Niemeyer transmite em sua obra "uma mensagem singela" e "transcenderá todas as épocas", comenta, por sua vez, o espanhol Juan Herreros."A valorização da beleza como ingrediente funcional é certamente seu legado mais fértil e útil", acrescenta.O que nunca esquecerá a italiana Gae Aulenti, discípula de Le Corbusier como Niemeyer, é o espírito "independente e livre" do arquiteto brasileiro, a quem conhece bem e considera uma "grande testemunha", que deixou sua marca na passagem do século XX para o XXI.