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Julião Sarmento é um artista que "tem trabalhado em múltiplos suportes, construindo uma obra muito única e influenciada pela literatura e pelo cinema. É um trabalho de grande intensidade que lida com questões como o desejo, e que tem uma grande universalidade", comentou". Desde as obras mais distantes no tempo, a presença de referências literárias revela o modo como Julião Sarmento encara a criação artística, independentemente do suporte que ele utiliza em cada momento", descreveu o comissário. São cerca de 40 obras de pintura, vídeo, escultura e gravura criadas desde os anos 90 até 2007, e Delfim Sardo destacou que duas delas - um vídeo e uma escultura - "nunca foram mostradas em público". Referências a Raymond Carver, Sade, Sacher Masoch, Flaubert, Bataille, Casanova, James Joyce ou Fernando Pessoa atravessam recorrentemente a obra de Julião Sarmento, "às vezes de forma mais directa, outros como discreta alusão, mas sempre como resultado de uma relação íntima", indicou ainda. Julião Sarmento, que já se encontra em Espanha para estar presente na inauguração da exposição, sábado, disse à Lusa que a literatura "é uma constante" na sua obra. "Sempre me interessei muito pela literatura e pelo cinema. Sou um leitor ávido e compulsivo e desde que me lembro de ser artista que essa vertente se reflecte no meu trabalho", observou o autor. Entre os muitos escritores que o influenciaram mais recentemente na criação plástica, destacou os norte-americanos Neil LaBute e James Saulter. Quanto aos portugueses, Fernando Pessoa e Herberto Helder continuam a marcar presença no seu trabalho. Esta é a terceira exposição que o artista abre ao público desde o dia 01 de Abril, data em que inaugurou uma na Galeria Appleton Square - "L.A. Prints" -, na Rua Acácio Paiva, e uma outra inaugurada na galeria Cristina Guerra Contemporary Art - "Julião Sarmento" - na Rua de Santo António à Estrela, ambas em Lisboa. "As duas primeiras já estavam marcadas e esta acabou por ser uma coincidência inaugurar na mesma semana", observou o artista, comentando que esta coincidência "provavelmente nunca mais se vai repetir". Nascido em Lisboa em 1948, Julião Sarmento estudou pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL) e iniciou a sua carreira artística nos anos 70, fixando-se numa figuração de temáticas marcadas por simbologias eróticas e pessoais. Realiza exposições individuais e colectivas desde o final dessa década, nomeadamente em Lisboa, Madrid, Rio de Janeiro, Roterdão, Nova Iorque, Montréal, tendo representado Portugal na Bienal de Artes de Veneza em 1997.