Directora do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian quer tornar espaço "apetecível" para público e artistas

Posted on 12/13/2009 by UNITED PHOTO PRESS

Um espaço apetecível para público e artistas, com uma programação dinâmica e uma consciência crítica, são os traços que a directora do Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian pretende imprimir na nova identidade do museu.

"É um desafio muito estimulante", avalia Isabel Carlos, numa entrevista à Agência Lusa, sobre a instituição que passou a dirigir em Abril deste ano, recordando que o espaço foi "o primeiro que trabalhou em Portugal com a arte contemporânea".

Comissária da representação portuguesa na Bienal de Veneza de 2005 e antigo membro da direcção do então Instituto de Arte Contemporânea, Isabel Carlos, 48 anos, detém também o CAM nas memórias pessoais: foi o primeiro espaço onde visitou exposições e teve os contactos iniciais com a arte contemporânea.

"Quero que volte a ter o papel relevante que teve no início", exprimiu a nova directora, que iniciou funções em Abril deste ano, na sequência da aposentação de Jorge Molder.

O Centro de Arte Moderna (CAM), completa 30 anos de existência em 2013. Desde a abertura, o panorama museológico mudou muito em Portugal, e surgiram, entretanto, outras entidades dedicadas à arte moderna e contemporânea, como o Museu da Fundação de Serralves e o Museu Colecção Berardo.

Isabel Carlos está totalmente consciente destas mudanças e pretende que o CAM possa vir a "colmatar as falhas que os outros museus têm e apresentar uma programação dinâmica, mantendo-se também como uma consciência crítica" na área.

"Vamos ter programações com um equilíbrio entre a presença de artistas nacionais e internacionais", indicou, exprimindo ainda a vontade de acolher primeiras antologias de criadores portugueses.
O CAM possui uma colecção com cerca de 9000 obras de arte, com um grande peso de desenho, pintura, mas também fotografia, escultura e instalações. "Até à primeira metade do século XX, temos o melhor da arte portuguesa", avaliou Isabel Carlos, mas "as limitações financeiras" impostas nos últimos anos levaram a uma diminuição nas aquisições. Com um orçamento de cerca de 600 mil euros para 2010, o mesmo que em 2009, as opções eram duas: investir nas exposições ou nas aquisições, sublinha Isabel Carlos.

Porém, as aquisições vão continuar, pontualmente, com a filosofia de deixar na colecção uma memória das exposições que se fazem no CAM. "Também queremos colmatar falhas na colecção", acrescentou a directora do centro. Exemplo disso será a aquisição, no final do ano, de uma peça de Fernanda Fragateiro, a primeira da artista plástica a entrar no acervo do museu.

Por outro lado, a colecção do CAM continua a ser enriquecida pelas doações dos artistas. "Quando as doações existem é porque o museu está a funcionar bem, é porque os artistas se revêem nele e as obras serão bem tratadas e acarinhadas", apontou. As doações mais recentes foram feitas por Alberto Carneiro ("Árvore Jogo/Lúdico em Sete Imagens Espelhadas" de 1974) e Rui Órfão (instalação multimédia de 1979 "Memória das Imagens Ausentes"), e integram actualmente a exposição "Anos 70. Atravessar Fronteiras".