Computadores fazem arte

Posted on 12/15/2009 by UNITED PHOTO PRESS


Este é o retrato em movimento do III salão Abraham Palatnik que este ano recebeu 139 inscrições com a participação de 80 artistas visuais. Ao todo foram 20 trabalhos selecionados que serão expostos a partir da próxima quinta feira (17) na galeria da Biblioteca Câmara Cascudo até o dia 22 de janeiro de 2010.

Francisco Assis ou Vairvtae (nome artístico) foi o vencedor. Ele que é professor de artes em escola pública inscreveu seu trabalho intitulado “Cristo” na intenção de incentivar um aluno a participar também. “É a primeira vez que eu participo de um concurso sobre arte. Nunca vivi de arte e é uma nova porta que se abre para mim. Nunca tinha me dedicado a concursos, a não ser de logomarcas e foi uma surpresa especial. Na verdade, eu participei para incentivar um aluno meu, esse era o único objetivo. E ganhar o concurso é mudar as perspectivas dentro da arte”, disse o artista.

Sua obra é feita com peças sucateadas de computadores e imãs, formando a imagem de um cristo numa escultura projetada em 30x40 cm. “Quis representar nessa escultura a confraternização humana como sendo a paz entre os homens. Estamos a beira de uma destruição o tempo inteiro e a paz é o que nos falta”, contou.

Depois da ideia na cabeça, a construção de sua arte foi “simples”. “Juntei as peças de uma tecnologia atual e reaproveitei como arte. O artista é um descobridor de formas. A gente cria formas diferentes para mostrar um olhar diferente ao outro. Penso que é descobrir o que a maioria não vê”, disse.

Com o prêmio, Francisco incentivará sua própria arte e ajudará também seus alunos, impulsionando-os a não deixar de criar nunca. “Tenho um aluno que é um gênio, o Cícero. Mesmo com seu problema mentar devido ao nascimento, ele consegue transcender tudo através da arte. É para ele toda minha inspiração”, contou.

Para Vatenor Oliveira, coordenador do salão Abrahan Palatnik, este ano foi surpreendente no quesito criativo. “O interessante neste salão foi a diversidade. Houve um equilíbrio de várias tendencias. Tiveram desenhos, pinturas, esculturas, instalações, fotografias e vídeos. Esse é o reflexo da criatividade dos artistas”, disse Vatenor.

Segundo o coordenador e também artista plástico, outro ponto positivo é a revelação de novos artistas. “Os três fizeram raras exposições e guardam suas obras escondidas em casa, o que é um pecado”. Para Vatenor o Salão mostra o fomento das artes no Rio Grande do Norte e a diversidade dos concorrentes. “Cada um com sua imaginação e seu processo de criatividade são enaltecidos aqui. A maioria é jovem e desconhecidos, por isso é muito estimulante ver e ter acesso a esta criação. É como abrir uma caixa de esperanças”.

Além da coordenação de Vatenor em parceria com Lucina Guerra, o Salão teve a comissão julgadora formada por Venâncio Pinheiro, Marcos Andruchak e Gláucio Brandão. A curadoria do salão é de Tânia Andrade.

Pirogravura leva o 2º lugar: interação e fogo

Homens invisíveis socialmente desenhados na madeira com o fogo. Esse é o trabalho de Marinho, que levou o segundo lugar do prêmio Abrahan Palatnik. Sua obra, segundo Vatenor Oliveira, é realizado com uma das técnicas de artes visuais mais antigas no mundo e pouco executada no Rio Grande do Norte. “Pirogravura hoje em dia é técnica rara e esse rapaz conseguiu transcender o espaço da madeira e nos levar para um lugar que pouco enxergamos. Os olhares das ruas, os abandonos do mundo”, disse.

Instalação interativa feita com projeção e espelhos leva 3º lugar

O terceiro lugar foi destinado ao artista Leandro Garcia. Sua obra intitulada “Spectrum” é uma instalação interativa. Através de uma caixa com uma filmadora dentro, o visitante observa a imagem do seu rosto projetada na parede. “Venho trabalhando esta obra nos últimos dois meses e foi meu conclusão de curso em Artes Visuais na UFRN. É um trabalho interativo e tem a ver com os nossos espelhos internos. É uma cbra potencial, só quando a pessoa se olha ali ela passa a existir.

E ao ser filmado o rosto da pessoa sua imagem é projetada de maneira híbrida, ou seja, aparece a imagem real da pessoa com outras cores. Quando a pessoa se olha, a imagem dela não é mais a dela”, contou Leandro. Ele também é praticamente iniciante no ramo das Artes Visuais. Mesmo tendo terminado o curso recentemente ele só tem em seu currículo uma exposição individual realizada em 2007 e intitulada “único”.

Além dos três trabalhos citados ao longo da matéria, o salão concedeu duas menções honrosas aos artistas Guaraci Gabriel, com a instalação “O gênio da lâmpada” e Pedro Ivo, com a fotografia “Tribalismo”. Os três primeiros colocados serão premiados com o valor de R$ 3 mil, 2.5 mil e 2 mil respectivamente. Todas as obras poderão ser comercializadas durante o evento, exceto as premiadas, que passarão a pertencer ao acervo da Fapern. Todos os 20 artistas selecionados receberão a importância de R$ 500 reais como prêmio de participação.