Museu Oscar Niemeyer é um dos mais ativos do Brasil, diz curador internacional

Posted on 8/30/2008 by UNITED PHOTO PRESS

O Museu Oscar Niemeyer é apontado como um dos três museus mais ativos do País. Com apenas cinco anos de funcionamento, desde julho de 2003, o museu curitibano é comparado, em qualidade das exposições apresentadas, à centenária Pinacoteca do Estado de São Paulo, criada em 1905, e ao sexagenário Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, inaugurado em 1948. O paralelo foi feito sob a autoridade dos 30 anos de experiência museológica do conceituado curador Paulo Herkenhoff, que por três anos dirigiu o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), do Rio de Janeiro, e atuou como curador-adjunto do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa). Atualmente ele integra a comissão de seleção do próximo curador da maior exposição de arte do mundo, a Documenta de Kassel, a ser realizada em 2012, na Alemanha. “O desempenho do Museu Oscar Niemeyer é excepcional em relação a outros museus. Não estamos falando apenas em número de exposições, mas em uma relação de qualidade. Possivelmente é o museu brasileiro mais ativo em exposições, ao lado da Pinacoteca de São Paulo e do MAM.” Herkenhoff refere-se a mostras como o “Dadaísmo e o Surrealismo”, exibida em 2004 pela primeira vez no Brasil, em Curitiba, e somente depois apresentada em São Paulo. Em 2005, “Desenhos de Roy Lichtenstein”, “Soto: A Construção da Imaterialidade”, “Farnese (objetos)” e “Picasso: Paixão e Erotismo”, que reuniu cerca de 3 mil visitantes em um único domingo. No ano seguinte, o Museu abrigou, entre outras mostras, “Cícero Dias – Oito Décadas de Pintura”, uma das mais abrangentes retrospectivas do artista brasileiro radicado na França, e no ano passado “Kurt Schwitters (1887-1948)”. Ainda em cartaz estão “Tarsila –Percurso Afetivo”, “Anni e Josef Albers –Viagens pela América Latina” e “Bacon Freud e Moore –Figuras e Estampas”. Três delas, Dadaísmo e Surrealismo, Farnese e Schwitters, premiadas como as melhores exposições, dos respectivos anos, pelas duas mais importantes instituições de crítica de arte: a Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e a Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).Pinacoteca e o MAM exibiam naqueles anos outras exposições de inquestionável valor artístico. O MAM, para citar algumas entre as mais importantes, apresentou em 2005 “Andy Warhol: Motion Pictures”; em 2006, “Volpi – A música da cor”, uma das mais abrangentes retrospectivas do artista depois renomeada, ampliada e também apresentada em Curitiba; e, no ano passado, “Vieira da Silva no Brasil”, que focou a produção da artista modernista Maria Helena Vieira da Silva no período em que viveu no Brasil. Já a Pinacoteca, que mantém parceria com o Museu Oscar Niemeyer, foi premiada em 2007 pela APCA com a exibição da então inédita mostra de Kurt Schwitters. Neste ano, destaca “O Florescer das Cores: A arte do período Edo”, que reuniu peças de 18 museus japoneses, entre outras.CULTURA SULISTA – Por dez anos à frente da direção da Pinacoteca, o artista e curador Emanoel Araújo, atualmente na direção do Museu Afro Brasil, diz que o Museu Oscar Niemeyer é fundamental para a cultura sulista. “Para um Estado que não tinha tradição de Museu é importantíssimo, contribui em muito para o Paraná e o Sul do País. O Museu Oscar Niemeyer tem um espaço grandioso e prova quanto esses eventos são fundamentais, com um volume de exposições de qualidade e uma oferta extraordinária”.Qualidade que tem se refletido na conquista de espaço na mídia nacional e nas colunas de importantes formadores de opinião, como no blog de Maurício Kubrusly, no site do Fantástico, em abril. “(...)Diante de suas grandes telas (Lucian Freud – 1922), os corpos de homens e mulheres, sem a capinha das roupas, despedaçam a nossa idéia de beleza ...Tive a sorte de ver, em Nova York, uma grande mostra de telas do mestre ...Toda essa conversa tem uma nascente: no Museu Oscar Niemeyer de Curitiba ...Francis Bacon (1909-1992), com suas figuras distorcidas ... E Henry Moore (1898-1986), o escultor de obras enormes...não há desculpa para perder a chance de visitar a mostra do Museu Oscar Niemeyer. Se está na cidade ou vai passar por lá, não perca. É um trio de ouro”, afirma alguns trechos da nota de Kubrusly sobre a mostra “Bacon, Freud e Moore –Figuras e Estampas”, que devido ao sucesso teve sua exibição prorrogada até 7 de setembro. Fundamentado nesse resultado, Herkenhoff avalia que o desempenho do museu curitibano em espaço de tempo “tão curto” não seria possível, se a atual secretária especial Maristela Requião não tivesse “acesso aos centros de decisão”. “A presença de dona Maristela na instituição foi uma forma de acelerar a recuperação do tempo perdido pelo Paraná na recepção de exposições de qualidade, compatíveis com a sociedade contemporânea.” Concorda com ele, o crítico de arte e curador Olívio Tavares: “O Museu é um dos poucos espaços onde se consegue realizar exposições ambiciosas, como as de Volpi e Tarsila do Amaral. São exposições de primeiro plano. Temos ali, sem dúvida, as melhores exposições do País. O Museu é muito bem organizado, favorecido pela boa gestão da Maristela Requião. Além disso, teve uma excelente reforma, é uma obra atraente. Só tenho elogios ao Museu Oscar Niemeyer”. TRABALHO – Em cinco anos de trabalho, o Museu exibiu 110 exposições, sendo 77 nacionais e 28 internacionais. Somente no ano passado, foram apresentadas 30 mostras em seus 15 espaços expositivos, nos 17,5 mil metros quadrados de área expositiva; sem incluir as duas mostras permanentes de obras de acervo, no Espaço Niemeyer e no Pátio das Esculturas, entre outras. Respeitadas as especificidades conceituais e de estrutura física, o número aproxima-se ao da centenária Pinacoteca, que em 2007 apresentou, em suas 30 salas expositivas, 46 mostras, somadas as exposições da Pinacoteca e da Estação Pinacoteca, recentemente instalada no antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo. O museu curitibano deverá fechar o ano com a exibição de 24 exposições. Em duas salas expositivas, o MAM apresentou 13 mostras em 2007 e neste ano soma, até o momento, cinco exposições. Nas três instituições, o tempo médio de exibição das exposições temporárias oscila entre três e quatro meses.