Arte latina finaliza temporada em NY

Posted on 5/31/2008 by UNITED PHOTO PRESS

  • Nas últimas grandes vendas internacionais do semestre, obra de Di Cavalcanti tem o preço mais alto entre os brasileiros.

A temporada de grandes leilões internacionais de arte do primeiro semestre termina esta semana, em Nova York, com a oferta de mais de 500 lotes de obras latino-americanas. Entre eles estão trabalhos de brasileiros como Sérgio Camargo, Portinari, Di Cavalcanti, Adriana Varejão e Rosângela Rennó.Na Sotheby's, que realiza seu leilão na noite de quinta-feira e na manhã de sexta-feira, o lote principal é o óleo sobre tela Composição, do uruguaio Joaquín Torres-Garcia (1874-1949).O quadro foi pintado em Paris em 1932, último ano que ele passou na capital francesa, onde forjou sua carreira, e é um exemplar típico do universalismo construtivo, estilo criado pelo pintor cubano. A estimativa é que Composição alcance entre US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão.Outros destaques na Sotheby's são Nu Reclinado com Livro, óleo sobre tela de 1998 do colombiano Fernando Botero (US$ 700 mil a US$ 900 mil), e Dança Afro-Cubana (US$ 600 mil a US$ 800 mil), colagem sobre madeira criada em 1943 pelo cubano Mario Carreño (1913-1999).A obra de artista brasileiro com maior estimativa na Sotheby's é Sem Título Nº 103)', escultura com relevos sobre bloco de madeira que Sérgio Camargo (1930-1990) apresentou na Bienal de Veneza de 1966. O preço previsto para ela está entre US$ 150 mil e US$ 200 mil.No leilão da Christie's, as vendas são divididas entre a noite de quinta (31/05) e a manhã de sexta-feira (01/06). Ali, a obra com preço mais alto é Tige Verte (Les Possessions), uma pintura de 1943 do chileno Matta (1911-2002) que sugere o espaço sideral. O quadro está estreando no mercado de leilões com estimativa entre US$ 1,5 milhão e US$ 2 milhões.Em seguida vem Flores do México (US$ 600 mil a US$ 800 mil), uma composição pastoral criada em 1938 por Alfredo Ramos Martinez (1872-1946), considerado o pai da arte moderna mexicana. O quadro foi feito quando ele já havia deixado seu país há quase dez anos para viver nos Estados Unidos. Na mesma faixa de preço está a escultura de Botero Mulher a Cavalo, de 2002, e o óleo sobre tela de 1948 Femme-Cheval, do cubano Wifredo Lam (1902-1982).A pintura Enterro, datada de 1942 em que Portinari (1903-1962) usou pela primeira vez a figura do homem de perna de pau que apareceria outras vezes em suas telas sobre os retirantes brasileiros, está de volta à Christie's.Em maio do ano passado ela foi cotada entre US$ 300 mil e US$ 400 mil, mas não alcançou lance satisfatório para ser vendida. Desta vez, a estimativa para ela está entre US$ 250 mil e US$ 300 mil. Como no ano passado, Enterro é a obra de artista brasileiro para a qual se espera o preço mais alto nos leilões.A Christie's e a Sotheby's estão contando com resultados melhores que os de temporadas anteriores: a primeira prevê que o total de suas vendas fique entre US$ 19 milhões e US$ 26 milhões - quase o dobro da média que faz normalmente nos leilões de arte latino-americana; a Sotheby's é um pouco mais modesta e espera alcançar entre US$14,6 e US$19,7 milhões, valor entre 10% e 20% acima da média obtida nas vendas anteriores.A fraqueza do dólar tem sido o melhor estímulo para europeus (principalmente para os russos) e asiáticos investirem em arte. Segundo a Christie's, 48% dos compradores nos seus leilões este mês eram da Europa.A expectativa é que, seguindo a tendência verificada nos leilões de obras impressionistas e modernas, eles se disponham a abrir seus talões de cheque para adquirir também quadros ou esculturas mexicanos, cubanos, argentinos ou de outros países da América Latina.