30 artistas no Museu do Chiado

Posted on 3/15/2008 by UNITED PHOTO PRESS

  • Obras de trinta artistas representativos do movimento cinético, que teve um impacto revolucionário no século XX, podem ser vistas a partir de hoje no Museu do Chiado, numa exposição inédita em Portugal, segundo o director daquela entidade.

Pedro Lapa, director do Chiado Museu Nacional de Arte Contemporânea, fez uma visita guiada aos jornalistas acompanhado pelo comissário da exposição "Revolução Cinética", Emmanuel Guigon, director do Musée des Beaux-Arts et Archéologique de Besançon e a galerista francesa Denise Renée. O cinetismo - ligado ao estudo do movimento nas obras de arte - surgiu nos anos 50 do século XX, com a primeira grande mostra a ser realizada pela Galeria Denise René, em Paris, em 1955, intitulada "Le Mouvement", que reuniu trabalhos de Calder, Duchamp, Agam, Pol Bury, Tinguely e Yves Klein. "Revolução Cinética" reúne cerca de 70 obras de artistas estrangeiros e portugueses, nomeadamente pintura, escultura, e um núcleo de filmes, provenientes de colecções públicas e privadas tais como o Museu Pérez Comendador Leroux, a Carlotta Films, o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, a Fundação da Colecção Berardo e a Filmoteca da Andaluzia. Originalmente a exposição foi apresentada em Sevilha e Palma de Maiorca sob o título "La Utopia Cinetica", mas com menos obras e abrangendo um período entre 1955 e 1975. Em Lisboa, "Revolução Cinética" foi ampliada a outros artistas e também alargada a obras mais recentes, incluindo os portugueses Nadir Afonso e Eduardo Nery, do acervo do Museu do Chiado, e outras obras de António Pedro, Artur Rosa e René Bertholo. As restantes são de Yaacov Agam, Martha Boto, Pol Bury, Carlos Cruz-Diez, Hugo Demarco, Ángel Duarte, Marcel Duchamp, Equipo 57, Horacio García, Rossi, Karl Gerstner, Julio Le Parc, Darío Pérez Flores, Bridget Riley, Nicolas Schöffer, Eusebio Sempere, Francisco Sobrino, Joël Stein, Gregorio Vardanega, Victor Vasarely e Jean-Pierre Yvaral. De acordo com o comissário, "o interesse pelos fenómenos cinéticos é cada vez maior por parte do mercado de arte e dos jovens artistas, com a diferença que agora usam materiais e tecnologias diferentes". Emmanuel Guigon recordou que o movimento cinético "teve um impacto revolucionário na arte, na arquitectura e no design porque apresentava obras que o espectador podia tocar, experimentando sensações que o levavam também a participar". "Com o cinetismo, a arte deixa de estar apenas no suporte em que foi criada e começa a existir nos olhos e percepção do espectador, que se torna também seu autor e participante", sublinhou o comissário. Denise Renée, a galerista que acolheu a exposição pioneira em 1955, disse à Lusa que as obras apresentadas na época "provocaram grande curiosidade e estupefacção". Mostrar aqueles artistas numa galeria foi para ela também "uma aventura, porque estas peças não se vendiam, só existiam nalguns museus", comentou, acrescentando que também ficou surpreendida com "a grande riqueza e inventividade demasiado audaciosa para a época". Pedro Lapa disse à Lusa que o impacto do movimento cinetista em Portugal "revelou-se em casos isolados, esporádicos, de alguns artistas", tais como Eduardo Nery, Nadir Afonso e René Bertholo. Na apresentação da exposição, o director do Museu do Chiado agradeceu aos representantes da Caja Duero, mecenas da exposição, que financiou mais de 60 por cento do seu custo - cerca de 200 mil euros - e também ao director do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), Manuel Bairrão Oleiro, que, "num contexto de absolutas dificuldades e limitações, encontrou os meios complementares para viabilizar este projecto. "Revolução Cinética" poderá ser vista no Chiado Museu Nacional de Arte Contemporânea até 15 de Junho.