Exposição do Museu de Arte Antiga prova dimensão universal de Franco Maria Ricci - Comissário

Posted on 12/08/2014 by UNITED PHOTO PRESS MAGAZINE



O comissário da exposição de Franco Maria Ricci, que sexta-feira é inaugurada em Lisboa, destacou hoje a dimensão universal, cultural e de mecenas do colecionador italiano que, em 2015, disponibilizará as suas obras ao público em Itália.

"Num tempo de dificuldades por toda a Europa, de todas as turbulências e todas as crises, há uma iniciativa que pontua, uma responsabilidade pública e de cidadania, que é a transformação de um conjunto [de obras] num museu e numa coleção disponível ao público", assinalou José de Monterroso Teixeira, comissário de "FMR. A Coleção Franco Maria Ricci".

O comissário da mostra temporária, que estará patente no Museu de Arte Antiga, em Lisboa, aludia à iniciativa de Franco Maria Ricci de disponibilizar ao público, em 2015, a sua coleção privada, composta por cerca de 400 peças, que irão ocupar um museu construído dentro do maior labirinto do mundo, na sua propriedade junto a Parma, em Itália.

"É esta dimensão cultural, esta dimensão mecenática, que releva e que revela a função do colecionador", acrescentou José Monterroso Texeira, que falava aos jornalistas acompanhado do próprio Franco Maria Ricci, momentos antes de uma visita guiada à mostra.

"FMR. A Coleção Franco Maria Ricci", a exposição de Lisboa apresenta uma seleção de cem obras de arte que o designer, editor e bibliófilo de 77 anos, nascido em Parma, foi colecionando desde os anos 1980.

Trata-se de pintura e escultura do século XVI ao século XX, e a mostra em Lisboa constitui a primeira apresentação fora de Itália, após a realização de uma exposição em Colorno, na região de Parma, em 2004.

A exposição abre ao público no sábado e ficará patente até 12 de abril de 2015.

O comissário da exposição sublinhou também "a dimensão universal" de Franco Maria Ricci, como colecionador, artista gráfico e editor.

"Esta dimensão de querer intervir através do sistema do saber, colocando estes instrumentos de uma maneira mais alargada a um público alargado é um facto que deve ser assinalado na compreensão da dimensão universal desta figura", disse.

Sobre a exposição patente em Lisboa, José Monterroso Teixeira sublinhou o carácter "absolutamente excecional" das obras presentes, considerando "um privilégio" para o Museu de Arte Antiga acolhê-la.

"Destaco o núcleo de escultura neoclássica, onde está extraordinariamente bem representado o Canova [António Canova, escultor italiano - 1757-1822], o conjunto de escultura barroca onde está representado um Bernini [Gian Lorenzo Bernini, escultor - 1598-1680] e o núcleo do maneirismo, que tem peças absolutamente notáveis para o entendimento desta corrente estética", disse.

No MNAA estão obras de pintura e escultura criadas entre o século XVI e o século XX, de artistas como Filippo Mazzola, Jacopo Ligozzi, Philippe de Champaigne, Bernini, Canova ou Thorvaldsen, entre outros.

Nascido em Parma, Itália, em 1937, de uma família de aristocratas genoveses, Ricci destacou-se na edição a partir da década de 1960, tendo publicado várias obras de referência e a revista de arte com a sua assinatura, a FMR.

Foi "designer" gráfico e reuniu uma coleção pessoal de obras de arte com desenho, escultura, pintura e vários objetos de artes decorativas.

Ricci ficou conhecido como o "príncipe dos editores", destacou-se por ter criado, com o escritor Jorge Luís Borges, a coleção "Biblioteca de Babel", publicando 45 títulos indicados pelo autor argentino, e por ter reeditado as obras de Giambattista Bodoni (1740-1813) e a "Encyclopédie", de Diderot e de d`Alembert, entre outras ações.

Em Portugal, com a Bertrand, Franco Maria Ricci editou as obras "Presépios de Machado de Castro" e "A Bíblia dos Jerónimos".

Franco Maria Ricci, istando pelos jornalistas a destacar uma obra da sua coleção, disse ser-lhe muito difícil escolher, fazendo uma analogia com um pai que se vê forçado a escolher de entre os seus filhos.