Sexo na arte era o maior tabu, diz membro da dupla Gilbert & George

Posted on 9/06/2012 by UNITED PHOTO PRESS MAGAZINE

 Curador suíço Hans Ulrich Obrist
Em entrevista ao curador suíço Hans Ulrich Obrist no teatro Oficina, a dupla de artistas britânicos Gilbert & George falou sobre sua trajetória. Eles expõem fotografias agora numa mostra coletiva organizada pelo diretor da Serpentine, de Londres, na Casa de Vidro de Lina Bo Bardi, uma das mostras no circuito paralelo à Bienal de São Paulo.


Artistas que despontaram no Reino Unido com fotografias, performances e colagens polêmicas, abordando sexo, raça, religião e classe social, eles se tornaram referência no cenário global como autores engajados que não sucumbiram ao que chamaram de "formalismo" na arte conceitual dos anos 60 e 70.


No auge da epidemia da Aids, nos anos 80, a dupla fotografou vítimas da doença numa série polêmica. "Sabíamos que tínhamos que chamar a atenção logo na entrada da galeria, se não o público perde interesse. Precisa ter muito sexo, religião, nudez, embriaguez", disse George. "Acreditamos no poder de transferência de pensamentos, que aquela imagem vai ter um impacto nas pessoas mesmo depois que elas deixarem a galeria", completou Gilbert.


Um sempre complementa as frases do outro, num jogo retórico que parece ensaiado. Em determinados momentos da conversa, chegaram a cantar reproduzindo alguns trechos de performances conhecidas da dupla.


Entrevistas como a ocorrida nesta quarta (5) em São Paulo são famosas na carreira de Ulrich Obrist, um dos curadores mais importantes no cenário global. Na Serpentine, em Londres, ele ficou conhecido por organizar maratonas dessas conversas que correm noite adentro. Coletâneas de suas entrevistas já foram publicadas no Brasil em volumes que saíram pela editora Cobogó.


Gilbert & George também comentaram o início da carreria em Londres, quando "nem éramos artistas e não sabíamos o que era dinheiro. Era muito formalista, todos queriam imagens perfeitas, enquanto tudo o que nós queríamos era fechar os olhos e sentir alguma coisa", lembrou George. "Sexo ainda era o maior tabu na arte. Naquele momento só queriam discutir o círculo perfeito, linhas puras, ângulos", resumiu Gilbert.