Artista plástico Mike Kelley foi encontrado morto

Posted on 2/02/2012 by UNITED PHOTO PRESS MAGAZINE

Artista foi encontrado morto aos 57 anos,
hipótese de suicídio ainda não foi afastada
Mike Kelley foi encontrado morto na sua casa em Los Angeles na terça-feira, anunciaram as autoridades na quarta-feira, sem avançarem a causa da morte e não descartando a possibilidade de suicídio.

Nome influente da arte contemporânea, Mike Kelley tinha 57 anos e ficou mundialmente conhecido pelo seu trabalho na pintura, escultura, instalação, vídeo e música, área na qual colaborou como os Sonic Youth.

Fontes da polícia explicaram à Reuters que a última vez que o artista foi visto vivo foi no domingo. Em sua casa não foram encontrados vestígios que expliquem a tese de suicídio e só a autopsia, marcada para esta quinta-feira, poderá determinar as causas da morte de Mike Kelley.

“É uma perda terrível para a família e para os amigos e também para os artistas desta comunidade, para a qual ele tanto trabalhou para a mudar e enriquecer”, disse à Reuters Paul Schimmel, curador do Los Angeles County Museum of Contemporary Art. “Mais do que qualquer outro artista da sua geração, ele mudou a percepção desta cidade e ajudou a torná-la numa grande cidade internacional de arte”, continuou o curador, recordando que conhecia Mike Kelley desde 1981.

Nasceu em Detroit, em 1954, Mike Kelley há muitos anos que vivia e trabalhava em Los Angeles, sendo hoje considerado um dos artistas mais destacados da West Coast. A presença desta cidade na sua obra (pintura, escultura, instalação, vídeo ou música) foi uma constante ao longo das suas criações. A Los Angeles Mike Kelley foi buscar elementos à cultura popular, referências aos "comics" ou ao cinema série B produzido em Hollywood, temas que serviam depois para o artista abordar as patologias sociais do presente. Talvez por isso, muitas das suas obras eram consideradas inquietantes e sinistras, muitas vezes, retratos e críticas à sociedade.

Nas suas instalações, muitas vezes caracterizadas pelo uso excessivo de elementos multimédia, Mike Kelley destacou-se pelo uso de objectos incomuns, onde explorava muitas vezes as referências da cultura punk, pop e kitsch. A exposição de 1993, “Catholic Tastes”, que esteve no Whitney Museum of American Art em Nova Iorque, onde o artista combinou de forma provocativa bonecas, desenhos e outros objectos, foi dos seus trabalhos mais falados no mundo da arte.

“Ele tinha um apetite voraz para todos os tipos de arte. Ele era muito curioso e trabalhou incrivelmente, nunca teve medo de pensar realmente em grande. Artistas assim não aparecem muitas vezes”, disse ao LA Times Stephanie Barron, curador sénior do Museu de Arte Moderna de Los Angeles.

Mas nem só de arte plástica se fez o seu percurso. Mike Kelley tem um passado ligado ao rock: ajudou a fundar em 1973 a banda "Destroy All Monsters". Na música destacou-se ainda por ter criado algumas das capas mais famosas da música. Amigo da música Kim Gordon, Kelley foi responsável pela capa do álbum de 1992 dos Sonic Youth, “Dirty”.

“O Mike foi uma força irresistível da arte contemporânea. O seu legado vai continuar a tocar e a desafiar qualquer um que se cruze no seu caminho. Vamos sentir a sua falta. Vamos mantê-lo connosco”, escreveu em comunicado a o estúdio do artista.

Em Portugal, Mike Kelley integrou várias exposições colectivas, tendo passado por Serralves, no Porto, ou a BESart, em Lisboa. Kelley tem ainda uma obra, constituída por sete fotografias a preto e branco, com o nome “Architect of the Masses Body Politics 31-6” (1982), na colecção do centro de arte Ellipse Foundation.