Arte latino-americana está em alta, confirma a FIAC

Posted on 10/25/2010 by UNITED PHOTO PRESS

A arte latino-americana está em alta, demonstra a Feira de Arte Contemporânea parisiense (FIAC), na qual colecionadores pagaram altos preços por obras da brasileira Lygia Clark, do mexicano Gabriel Orozco e do venezuelano Jesús Soto, entre outros.

As esculturas de Lygia Clark foram algumas das obras vendidas por mais de 500.000 dólares nesta 37º edição da FIAC, encerrada no domingo, após deixar claro que o mercado de arte, que em 2008 sofreu uma contração de 40% por causa da crise financeira internacional, se recuperou.

"Foi uma FIAC muito boa, muito melhor que as duas passadas", disse à AFP Natalie Seroussi, dona de uma das 185 galerias de 24 países que participaram desta feira inaugurada na quinta-feira em três espaços marcantes: o Grand Palais, o Carré du Louvre e os jardins das Tulherias.

"Comprovei o interesse em criadores latino-americanos de parte de colecionadores internacionais", acrescentou Seroussi, que vendeu a um francês duas esculturas da série "Bicho", de Lygia Clark.

"As pequenas peças de Clark foram vendidas por 300.000 euros (420.000 dólares)", disse Seroussi, ressaltando que as maiores peças alcançaram preços mais altos.

O interesse do mercado pela artista construtivista brasileira, associada ao movimento Tropicália foi comprovado, ainda, em um leilão de arte dos BRIC (Brasil, Índia, Rússia e China), celebrado em maio, em Londres, no qual uma escultura em alumínio da série "Bicho" dobrou o preço no qual estava estimado, chegando a meio milhão de dólares.

Seroussi destacou, ainda, a venda em 350.000 dólares, de pequenos desenhos de Gabriel Orozco, cuja quota está definitivamente em alta, após as retrospectivas em sua homenagem celebradas pelo Museu de Arte Moderna de Nova York e agora o parisiense Centro Pompidou.

"Os grandes colecionadores de arte contemporânea querem ter Orozco em suas coleções, vimos isto nesta FIAC", informou à AFP a galeria Marian Goodman.

O galerista de Nova York Christophe Van de Weghe comemorou também "a boa energia" da feira, na qual vendeu várias obras, entre elas uma pequena pintura de Jean Michel Basquiat por US$ 1 milhão.

Outro Basquiat, "Desmond", de 1984, bem mais caro, ainda não tinha encontrado comprador horas antes do fechamento da feira.

"Tivemos vários colecionadores interessados, mas ainda nada de concreto", informou a galeria.

Frank Marlot, da galeria parisiense Denise René - que ajudou a impulsionar a 'op-art' e a arte cinética, que brincam com os efeitos ópticos e o movimento -, disse também que "está foi uma excelente FIAC".

Esta galeria vendeu obras de Jesús Soto, já falecido, do argentino Julio Le Parc e do venezuelano Carlos Cruz Diez.

"Soto sempre tem um mercado muito enérgico, e o de Cruz Diez e Le Parc está em ascenção", disse Marlot à AFP.

Diretora da FIAC, a neozelandesa Jennifer Flay também destacou o interesse crescente do mercado em artistas e galerias da América Latina.

"Este ano pela primeira vez participou da FIAC o México, onde se está vivendo uma cena artística muito forte", disse Flay em entrevista à AFP, destacando a presença da galeria Kurimanzzuto, que representa Orozco, Gabriel Kuri e Damián Ortega, entre outros artistas.

O crescente apetite pela arte da América Latina se reflete, ainda, em vários museus europeus, que o descuidaram durante anos, mas que agora estão tentando recuperar o tempo perdido.

A Tate de Londres começou a comprar arte latino-americana há alguns anos, e o Centro Pompidou está criando um projeto com a finalidade de enriquecer suas coleções com obras emblemáticas de criadores da região.

Na FIAC se viram também muitos colecionadores sul-americanos, entre eles um que pagou 450.000 dólares por uma pequena tela de Joan Mitchell em uma galeria nova-iorquina, e um brasileiro que se interessava em uma obra oferecida em uma das galerias mais visitadas desta FIAC, a de Larry Gagosian.

A galeria Gagosian, de propridade daquele que é considerado o homem mais poderoso do mercado de arte, não quis abordar o tema das vendas, algo que não é incomum em um setor em que prima a opacidade.

AFP