Esperanza Spalding no Allgarve Jazz

Posted on 7/10/2009 by UNITED PHOTO PRESS


O Concerto de Esperanza Spalding, a nova menina prodigio do jazz que teve lugar dia 10 de junho no Sitio das Fontes, inserido no ALLGARVE JAZZ esgotou a lotação e as atenções do público presente. Essa americana com ares de brasileira é realmente incrível. O seu repertório é baseado em um som de jazz super suingado, complexo, moderno, com toques de música brasileira (deve ser o sotaque brasileiro da banda, o guitarrista Ricardinho). Mas apesar de ela cantar muito bem, o que chama a atenção é sua performance como baixista/cantora: a garota de apenas 25 anos detona no baixo elétrico, mas é no acústico que ela realmente chama a atenção. Esperanza não é apenas talentosa; ela consegue transformar um objeto gigantesco que é um baixo acústico de dois metros em um instrumento sensual. Ela age como se tocar, para ela, fosse um verdadeiro ato de amor. Não posso deixar de mencionar a versão maravilhosa que ela fez de 'Wild is the Wind', que ficou famosa nas vozes de Nina Simone e, mais tarde, de David Bowie.
Em poucas palavras, poderíamos dizer que a biografia de Esperanza Spalding corresponde a uma geração de mulheres jazzistas castas: nunca foi presa por porte de drogas ou armas, não está envolvida com a máfia, não tem um amante que a espanca, não tem cinco filhos, não perdeu uma perna ou ficou cega nem, tampouco, passou qualquer temporada na Casa Correcional para Mulheres do Estado de Alderson. Segue assim uma dinastia que passa pelo piano de Diana Krall e pelo veludo na voz de Norah Jones - embora Madeleine Peyroux costume desaparecer meses e ser vista, maltrapilha, bêbada e sem rumo por algumas em ruas americanas.
Em poucas palavras, poderíamos dizer que a biografia de Esperanza Spalding corresponde a uma geração de mulheres jazzistas castas: nunca foi presa por porte de drogas ou armas, não está envolvida com a máfia, não tem um amante que a espanca, não tem cinco filhos, não perdeu uma perna ou ficou cega nem, tampouco, passou qualquer temporada na Casa Correcional para Mulheres do Estado de Alderson. Segue assim uma dinastia que passa pelo piano de Diana Krall e pelo veludo na voz de Norah Jones - embora Madeleine Peyroux costume desaparecer meses e ser vista, maltrapilha, bêbada e sem rumo por algumas em ruas americanas.

Sua história não é, entretanto, pouco bizarra. Tomemos simples eventos: aos quatro anos de idade Esperanza começou a tocar o violino e aos cinco integrava a Sociedade de Música de Câmara de Oregon e aos dez era compositora do grupo, desfilando canções que versavam a respeito de brinquedos e pick-ups vermelhas, seu universo visto dali, sem os arrebatamentos do amor que só conheceria mais tarde.

A pequena Esperanza detestava estudar. Pior do que isso, na adolescência ganhara bolsa de estudos numa escola local bastante privilegiada: aquilo foi horrível! eu odiei, por isso nunca ia, ela conta. Sentava-se na cadeira para assistir a professora e a mente começava a vaguear sabe-se lá por onde. Foi num desses momentos vue d'esprit que entediou-se com um violino e saiu pela sala indo encontrar um baixo acústico que abraçou e imediatamente, a moldes Sidarta, começou uma série de improvisações. Só não cabulava as classes de música; a mãe teve de lhe ensinar coisas da escrita e da leitura em casa ou Esperanza não conseguiria acompanhar o ensino formal junto com os meninos e meninas da sua idade.

Não se sabe se é possível dizer que essa perseverante mãe teve sucesso, para Esperanza Spalding, aos quinze anos, o ensino formal já não fazia mais sentido; ela fora promovida concertista mestre daquela mesma sociedade de música da câmara e estreou num clube de blues como crooner numa banda formada por músicos dos anos 50. Ao final da apresentação, um dos veteranos chamou-a lá fora e perguntou se ela não queria seguir com eles para ver se “assim aprendia realmente tocar alguma coisa”. A senhora Spalding teve de se conformar quando a filha, no ano seguinte, resolveu largar a escola e quem ficou desesperado mesmo foi seu professor de baixo que insistia pra que Esperanza enviasse seu histórico para Berklee, o que fez quase a contra gosto.
Ela foi aprovada. Ela conseguiu uma bolsa de estudos integral. Ela não tinha dinheiro para manter-se em Boston.
Sugeriram –lhe que fizesse um concerto beneficente mas eu não tinha um ego suficiente isso... fiquei tipo não, não, não . Tudo bem, a essa altura, nossa personagem já mereceria uma título beatífico então, pelo mínimo, seus amigos e fãs angariaram secretamente mil dólares, uma boa quantia que já pagava uns aluguéis em Boston. Mas para os virtuosos nada é fácil e, na nova cidade, Esperanza Spalding agora tinha de andar duas milhas com o baixo às costas para chegar na estação de trem e, de lá na universidade; sorte que estava muito excitada com os acontecimentos, ou desistiria. Veio o inverno ela se viu afundada na neve com o instrumento, foi quando a excitação passou.
Voltaria para Portland? Estava em vias disso, ainda mais porque nunca mesmo gostara de colégio, principalmente daquele em que os alunos viviam competindo entre si: e então você descobre esses lugares dentro de si em que voce é vulnerável onde nunca havia sido antes, diz sobre aquele primeiro semestre. Todavia, ficava por teimosia incompreensível o que lhe rendeu frutos, como já podíamos esperar. A academia lhe trouxe conhecimentos e, como Esperanza era considerada a aluna mais talentosa de sua turma, ganhando consecutivas premiações institucionais e, três anos depois tornou-se a professora mais jovem na história da Universidade de Berkley; o prodígio confirmara-se.
Junjo, de 2006 é seu álbum de estréia, basicamente instrumental em que ousa em algumas composições. Esperanza também canta, canta ao baixo e com ele dança em expressões nada menos que sensuais. Seu último disco, e aponta para o impactante disco de 2008 “Esperanza” em que passeia por fusões do jazz contemporâneo que flerta com a MPB e a música latina – seus idiomas: inglês, castellano e português.