José de Guimarães e Sociedade Portuguesa de Autores continuam sem resposta do Governo

Posted on 10/16/2008 by UNITED PHOTO PRESS

O escultor português José de Guimarães reuniu-se ontem, pela primeira vez desde que a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) escreveu ao Chefe do Executivo de Macau, com o director do departamento dos serviços jurídicos do organismo português, Lucas Serra. A carta que defende que houve violação dos direitos morais de autor com a alegada destruição das esculturas que o artista criou para o Jardim das Artes foi entregue há cerca de um mês ao Gabinete de Edmund Ho e continua sem resposta. Os preponentes não vão desistir. “Limito-me a aguardar os acontecimentos. A questão está nas mãos de quem sabe. Há-de haver uma resposta”, comenta José de Guimarães. O escultor esteve em Maio em Macau e contava ser recebido por Edmund Ho – apesar das duas cartas enviadas (uma das quais em 2007) o encontro nunca chegou a acontecer. O escultor ainda não sabe qual foi o destino que a Administração deu a seis das oito esculturas projectadas para o Jardim das Artes em 1999. E apesar de José de Guimarães estar agora a ser representado junto do Governo de Macau pela SPA o silêncio permanece. “Recorri para a SPA porque é a instituição mais adequada para resolver o assunto. É o organismo que defende os direitos dos artistas.


São matérias que me transcendem”, destaca o escultor. José de Guimarães reitera a confiança em como vai obter um esclarecimento por parte do Executivo. “Acho que vai haver uma resposta. Gostaria que isto fosse bem resolvido, sem perder mais tempo”, vinca. Postura que, de resto, assume desde que instou os primeiros contactos com o Governo. O segredo para a paciência? “As obras de arte pública entre a encomenda e a realização podem demorar sete anos a serem feitas. Envolvem vários organismos, aprovações, dinheiros para a construção. Adquiri esta persistência. Nunca desisto. Dou tempo ao tempo”, sublinha. O caso das esculturas desaparecidas envolve, pelo menos, três organismos: Direcção dos Serviços para Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPRT), Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) e Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). O Hoje Macau está também desde Maio a tentar obter esclarecimentos mas sem sucesso – os organismos passam as responsabilidades de uns para os outros. As esculturas de José de Guimarães faziam parte dum projecto lançado por Rocha Vieira e que previa a construção de uma estrutura artística por ano até à transferência.




O Jardim das Artes – projectado pelo arquitecto Francisco Caldeira Cabral – fechou portas há três anos para ser reformulado. Em 2004, Edmund Ho emitiu um despacho para “aprovar os parâmetros, condicionalismos urbanísticos e limites do terreno que foi concedido à Galaxy”, a operadora que gere o hotel-casino StarWorld. Um ano depois, o director da DSSOPT, Jaime Carion, anunciou a abertura de concurso público para a construção do Auto-Silo do Jardim das Artes. E em Maio de 2005 o então secretário para as Obras Públicas e Transportes, Ao Man Long, subdelegou no coordenador do GDI, à altura Castanheira Lourenço, plenos poderes para celebrar o contracto com a empresa FC Cabral (do arquitecto Caldeira Cabral), a quem foi entregue o projecto de reformulação – plano que estipula a localização das esculturas mas que ainda não foi cumprido. Exposição de arte urbana José de Guimarães inaugurou, no final da semana passa, uma exposição em que divulga fotografias e maquetas de obras de arte urbana criadas para vários países. Nodesign Center de Lisboa está "uma vertente menos conhecida" do trabalho do pintor e escultor."Fiz várias peças de design para o centro, nomeadamente tapetes, cadeiras, copos e outros objectos", afirmou o escultura à Lusa, acrescentando que "as obras de arte pública acabam por ser um design a outra escala".




"Arte Urbana" será a maior exposição de José de Guimarães em Portugal sobre esta vertente do seu trabalho, representado com obras em Macau, Lisboa, Guimarães e em várias cidades na Alemanha e no Japão."É uma exposição didáctica porque vai mostrar que a intervenção urbana é mais do que realizar um trabalho plástico. Faço normalmente uma pesquisa antropológica antes da criação da obra", referiu.José de Guimarães está agora a ultimar uma peça de grandes dimensões para ser colocada em Solingen, na Alemanha, num espaço público junto a uma zona histórica, a inaugurar na Primavera de 2009.