Bianca Lei inaugura amanhã exposição na Galeria de S. Paulo

Posted on 6/28/2008 by UNITED PHOTO PRESS

Depois de uma ausência de cinco anos, Bianca Lei, um dos nomes mais sólidos da arte contemporânea de Macau, volta aos escaparates e estreia amanhã uma exposição individual na Galeria de S. Paulo. A cerimónia de inauguração, organizada pela associação de artistas locais Art For All, dirigida por James Chu, está prevista para as 18h00. São oito inéditos que permutam entre as fronteiras das técnicas de expressão: são telas virgens cuidadosamente golpeadas que se assumem como uma pintura e uma série de sombras projectadas na parede de irreconhecíveis filmes antigos. Bianca Lei declina as definições taxativas. A criação é a irmã do meio dos conceitos, o que nasce no espaço que separa (ou aproxima) uma instalação de um quadro. “A função modelo dos materiais dos meios de expressão tradicionais foi transformada e criou uma relação paradoxal entre as diferentes disciplinas artísticas. Também eu fiz uma alteração: uso a tela branca como o elemento básico para toda a imagem. Em vez de usar cor, quis mostrar o que é original para explorar o conceito de pintura. Ao mesmo tempo, cortei-a”, resume Bianca Lei. O trabalho faz parte da primeira série de obras em exposição que pretende aguçar as questões sobre o que é hoje uma peça de arte e onde se situa o acto criativo, primordial, quando o artista tem ao seu dispor uma panóplia de ferramentas e saber académico – Bianca Lei tem um mestrado em Belas Artes pela Universidade Middlesex, de Londres. “Debrucei-me sobre as relações entre os diferentes media: quadros, esculturas e instalações. Questiono sobre o que cada um significa e como é que, sendo diferentes, comunicam entre si”, realça. A segunda série usurpa o imaginário da sétima arte. Há uma projecção, há luz, há imagem mas não há cinema. “O que é criado são sombras. Não é uma sequência de cenas cinematográficas”, ressalva. A inversão dos significados é fundamentada com o advento das novas tecnologias, com o primado da era digital. “Os filmes já fazem parte da tradição. São como um tesouro. Hoje, as coisas transformam-se em museu muito cedo; fazem história, tornam-se passado, pouco tempo depois de acontecerem”, reflecte. A idade contemporânea é feita da miscelânea – que é também uma troca recíproca – entre técnicas de comunicação. “A partir do processo de interacção entre os diferentes media tento explorar o conceito de obra de arte e do uso dos materiais. Não é a função expressiva que é enfatizada mas as fronteiras entre os próprios media. Com isto pretendo dar mais um passo para compreender a lógica da criação”, esclarece Bianca Lei. Porém, em “Media Discursiveness – Impermanent Intrusion” não há uma procura de palavras enquanto vocabulário distintivo para as peças de arte, não é uma tentativa de catalogação. “A definição já não é importante na arte contemporânea. As pessoas precisam sempre de dizer: um quadro é isto; uma instalação é aquilo. No entanto, as fronteiras são ambíguas”, destaca. É indefinição que deve conduzir a arte contemporânea? “É uma opção. Os artistas usam muitos materiais e técnicas de expressão diferentes para tentar criar algo de original, o que não é bom nem mau. Eu simplesmente não gosto de definições e não me interesso em fazer divisões na arte”, entende. Bianca Lei é também leitora na Escola de Artes no Instituto Politécnico de Macau, faz parte do colectivo Art For All e da Associação Cut (ligada às artes visuais e ao vídeo) e é uma das curadoras com mais relevo em Macau. O regresso à criação da artista com exposições espalhadas pelo Reino Unido, Estados Unidos, Suíça, Coreia, China e Hong Kong mostra-se já amanhã.