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Fugir das fronteiras matemáticas da arte e lançar-se à aventura de criar imagens novas tendo como moldes dois corpos humanos que se transformam em um só. Botando tudo isso entre tintas, o resultado é o novo trabalho do artista plástico austríaco Reinhard Schell, que traz para Natal sua exposição 1+1=1. Os trabalhos poderão ser vistos de hoje até o dia 01 de julho na Pinacoteca do Estado, no Palácio da Cultura. Inspirado nas obras do artista francês Yves Klein, -que utiliza o corpo como pincel vivo – Reinhard brinca com as tintas acrílicas espalhando em partes de dois corpos humanos. A mulher em vermelho e o homem em azul completam imagens únicas que se transformam em novos seres, delineados de acordo com a imaginação de quem observa. “A arte supera a matemática e traz a proposta de ir além das barreiras, despertando o olhar crítico, estimulando o pensamento e a leitura de mundo”, contou o austríaco residente em Natal por esses meses. Além das doze pinturas, o artista fará cinco instalações com arames farpados. “Para a instalação eu fiz os moldes dos corpos humanos com lápis e papel. Depois de delineados fui moldando o arame farpado em torno do desenho”.Os arames remetem à segurança pública, quando na Áustria as casas são mais livres de muros e arames, enquanto no Brasil quase todas as casas são cercadas por grades e limites. “As obras estarão penduradas na Pinacoteca e tem como objetivo a interação das pessoas com elas”.Reinhard acredita na arte interativa, essa que ultrapassa o academicismo e invade os pensamentos. “Acredito na quebra das fronteiras culturais. A cultura não conhece matemática, supera a divisão e é isso que desejo com minhas obras”.Ele também participa do movimento “Toda Merda agora é arte” e do Mail Art, que tem como integrantes os potiguares Falves Silva, J.Medeiros e Fábio de Ojuara. “Esse movimento que estamos inseridos é uma revolução de idéias e conceitos. As cabeças pensantes precisam ter consciência do que a arte pode fazer, não só esteticamente bela. É como um cartão postal bonito, ele é só aquilo, a arte não pode ser só isso, precisa estimular o pensamento, as angustias, as dores, a reflexão em relação ao mundo. Na Áustria está acontecendo um movimento de artistas que se unem em prol dessa transformação”, acredita. É nesse processo que no próximo mês haverá a Bienal da Áustria com a presença de Reinhard e Fábio de Ojuara levando instalações, pinturas e esculturas. “Um outro olhar que precisa ser lançado é em relação à educação. As crianças precisam respirar arte nas escolas. A educação artística deve realmente servir para mexer nesse olhar, nessa formação intelectual. O governo precisa acordar para isso o mais urgente. Espero sinceramente que muitos alunos vão até a exposição, é neles que está a esperança de um mundo mais consciente e melhor”, finaliza Reinhard.