Festa das Artes

Posted on 3/03/2008 by UNITED PHOTO PRESS

Mais de 20 galerias juntaram-se à "Festa das Artes" pela segunda vez este ano. A inauguração simultânea das galerias de Miguel Bombarda deu o mote para um sábado diferente. Durante a tarde de 1 de Março as pessoas responderam ao apelo e visitaram a "rua das galerias" para integrarem o Circuito Cultural de Miguel Bombarda. O dia começou sereno às quatro da tarde. Timidamente, as portas das galerias abriam e lançavam convites a quem passava. A tarde pintou-se de cores com dezenas de pessoas a calcorrearem Miguel Bombarda, em busca de arte ou de uma tarde diferente. Arte para todos os gostos e em todos os estilos. Da pintura à escultura, passando por instalações áudio e vídeo, foram vários os nomes que inauguraram as suas exposições, como o contemporâneo Jorge Martins, a figurativa Carla Gonçalves ou o criativo Thierry Simões. Por exemplo, na galeria Por Amor À Arte, o suíço Pascal Nordmann surpreendeu com uma curiosa exposição chamada "L'Esprit des Lieux": um conjunto de máquinas com motor onde um lápis risca, desenfreadamente, um papel ou uma parede. Nordmann salientou que estava nervoso com esta terceira visita a Portugal. "No princípio tinha muito medo", explicou o suíço, que se considera um escritor e que, num espaço de artistas fica sempre "muito tímido".
Entre as reproduções de quadros de Magritte ou Picasso que decoravam as ruas, as pessoas deambulavam entre as galerias. De copo na mão, a boa disposição reinou e as únicas queixas foram para os carros que, de quando em quando, incomodavam a travessia. Foram várias as pessoas que defenderam que, pelo menos em dia de inauguração, a rua devia ser vedada ao trânsito. "Ponham os olhos na ‘rua das galerias'" De cigarro na mão e um silêncio inquiridor, Fernando Santos lança apelos à iniciativa camarária. É o galerista mais antigo e conta com três espaços na rua Miguel Bombarda. Há oito anos imaginou um futuro sem carros para a "rua das galerias". É o autor de um projecto que transforma a rua numa travessia pedonal, numa obra orçada em cerca de 500 mil euros. No entanto, até hoje não obteve resposta da autarquia. "A câmara tem de olhar para a 'rua das galerias' de uma forma mais séria porque isto é um pólo cultural com uma actividade incrível. E a câmara não pode pensar apenas noutros pontos da cidade. Ponham os olhos na ‘rua das galerias'", apela Fernando Santos. O galerista confessa que houve vontade camarária, em conjunto com a Porto Lazer, de "dinamizar a rua e trazer novo público". Ainda assim, Fernando Santos apela a um maior envolvimento da autarquia nas actividades culturais: "Porque é que a câmara não dá mais interesse a este projecto? Faço um convite ao senhor presidente da câmara que nunca cá pôs os pés. O senhor presidente da câmara tem de ver a realidade da cidade nestas ocasiões porque é para a cidade que estamos a trabalhar."