Barroco | Idade Moderna
- O barroco, como estilo artístico, propagou-se por vários países europeus, onde assumiu grande variedade de formas e temas, causando tensão entre determinados conteúdos espirituais.
Suas características gerais
* emocional sobre o racional; seu propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-se no princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da emoção e não apenas pelo raciocínio. * busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas; * entrelaçamento entre a arquitetura e escultura; * violentos contrastes de luz e sombra; * pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade conseguida.
- PINTURA
Características da pintura barroca
* Composição assimétrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido, substituindo a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista. * Acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos sentimentos) - era um recurso que visava a intensificar a sensação de profundidade. * Realista, abrangendo todas as camadas sociais.
* Escolha de cenas no seu momento de maior intensidade dramática.
Dentre os pintores barrocos italianos
Caravaggio - o que melhor caracteriza a sua pintura é o modo revolucionário como ele usa a luz. Ela não aparece como reflexo da luz solar, mas é criada intencionalmente pelo artista, para dirigir a atenção do observador. Obra destacada: Vocação de São Mateus.
Andrea Pozzo - realizou grandes composições de perspectiva nas pinturas dos tetos das igrejas barrocas, causando a ilusão de que as paredes e colunas da igreja continuam no teto, e de que este se abre para o céu, de onde santos e anjos convidam os homens para a santidade. Obra destacada: A Glória de Santo Inácio. A Itália foi o centro irradiador do estilo barroco.
Dentre os pintores mais representativos, de outros países da Europa, temos
Velázquez - além de retratar as pessoas da corte espanhola do século XVII procurou registrar em seus quadros também os tipos populares do seu país, documentando o dia-a-dia do povo espanhol num dado momento da história. Obra destacada: O Conde Duque de Olivares.
Rubens (espanhol) - além de um colorista vibrante, se notabilizou por criar cenas que sugerem, a partir das linhas contorcidas dos corpos e das pregas das roupas, um intenso movimento. Em seus quadros, é geralmente, no vestuário que se localizam as cores quentes - o vermelho, o verde e o amarelo - que contrabalançam a luminosidade da pele clara das figuras humanas. Obra destacada: O Jardim do Amor.
Rembrandt (holandês) - o que dirige nossa atenção nos quadros deste pintor não é propriamente o contraste entre luz e sombra, mas a gradação da claridade, os meios-tons, as penumbras que envolvem áreas de luminosidade mais intensa. Obra destacada: Aula de Anatomia.
- ESCULTURA
Suas características
O predomío das linhas curvas, dos drapeados das vestes e do uso do dourado; e os gestos e os rostos das personagens revelam emoções violentas e atingem uma dramaticidade desconhecida no Renascimento.
Bernini - arquiteto, urbanista, decorador e escultor, algumas de suas obras serviram de elementos decorativos das igrejas, como, por exemplo, o baldaquino e a cadeira de São Pedro, ambos na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Obra destacada: A Praça de São Pedro, Vaticano e o Êxtase de Santa Teresa.
O barroco rompe com as idéias platônicas sobre a arte e dirige um apelo à mente através das emoçõesA arte, desde Platão e Aristóteles, constitui modos de imitar a natureza ideal - ideal, não real, porque o argumento era de que a natureza real, segundo os dois filósofos gregos, era sempre imperfeita em algum aspecto. A tarefa do artista, assim, seria descobrir e representar as formas perfeitas e ideais das coisas. O barroco rompe com as idéias platônicas sobre a arte e dirige um apelo à mente através das emoções. O objetivo era emocionar o espectador, imprimindo na obra de arte um visual de fácil leitura.Impacto psicológico, ´close-up´ e ênfase da extensão do espaço em profundidade foram características da arte barroca. Um outro meio de intensificar o apelo emocional de uma obra de arte era o recurso ao ilusionismo. A idealização, por sua vez, significava a reprodução perfeita da aparência externa dos objetos, quer esses objetos pertencessem ao mundo real ou estivessem tão somente presentes na imaginação do artista.Grandes mestresO mais versátil mestre do ilusionismo foi Gianlorenzo Bernini. O modo como o dominou é evidente, tanto nas grandes como nas pequenas coisas. Durante a sua visita a Paris, em 1665, quando executou o busto em mármore de Luis XIV, observou:— Por vezes, para imitar bem o modelo é necessário introduzir num retrato de mármore algo que não se encontra no modelo. Para representar a sombra escura que algumas pessoas têm ao redor dos olhos, é necessário cavar o mármore nesse lugar onde há escuridão, a fim de representar o efeito dessa cor e compensar pela perícia, por assim dizer, a imperfeição da arte da escultura, incapaz de dar cor aos objetos.Sobre uma arte anterior dc Bernini, o “David”, da Galeria Gorghese, o biógrafo do escultor escreveu:
— A magnífica cabeça dessa figura (em que ele retratou a sua própria fisionomia), as vigorosas sobrancelhas inclinadas para baixo, os olhos fixos e ameaçadores, o lábio superior mordendo o inferior, expressam maravilhosamente a fúria justiceira do jovem israelita fazendo pontaria com a sua funda contra a testa do gigante filisteu. A mesmo resolução, o mesmo vigor e espírito se encontram em todas as partes do corpo, que necessita apenas do movimento para estar vivo. No barroco, a distinção entre os vários campos da arte tende a ser indecisa. Esses campos também costumavam trocar os papéis, ou melhor, cada um deles move-se na direção da pintura. A arquitetura tornou-se mais escultural, a escultura mais pictórica e a própria pintura mais estritamente interessada nas aparências visuais, centrada numa ênfase maior na luz, sombra e cor do que na forma e na linha. A pintura acabou reproduzindo mais fielmente o que os olhos viam, em oposição ao que se sabia estar ali. Em túmulos, altares e conjuntos decorativos, as três artes - pintura, escultura e arquitetura - estavam cada vez mais combinadas entre si.
Esplendor - Nenhuma descrição do barroco seria válida se não incluísse um exame de suas qualidade de esplendor visual. Os artistas barrocos atraíam o observador, não só através do uso de estratagemas ilusionísticos, de métodos inspirados no teatro e no gesto e de expressões eloqüentes, mas também proporcionando motivos de encantamento para os olhos. Os artistas utilizavam cores ricas em todas as artes: mármores e talhas de madeira coloridas ou douradas; cores saturadas na pintura. Por exemplo, a austeridade do teto da Capela Sistina, de Miguel Ângelo, foi substituída, pelos artistas do barroco, por uma nova leveza de concepção e toque, assim como pelo emprego mais vasto de acessórios decorativos. Conchas, máscaras, cachos de frutas e outros ornamentos pintados são efeitos utilizados de forma recorrente pelos criadores do barroco. A profundidade a que chega essa ênfase na beleza visual pode ser avaliada, se compararmos os desenhos de Annibale Carracci com os de Miguel Ângelo. Os do último são duros, austeros e esculturais. Os daquele mostram uma concepção do corpo que é ao mesmo tempo mais sensual; as figuras são mais fluidas em seus contornos e parecem, literalmente, exalar uma sensação de bem-estar físico.Um dos mais marcantes exemplos é Rubens, como desenhista e como pintor. “O seu farol para a beleza sensual não é apenas superficial; não reside apenas nas cores saturadas que emprega, o brilho opalescente de sua carne, ou as sombras luminosas e materiais caros de roupagem que gostava de pintar. Trata-se de uma qualidade essencial de toda a sua arte - uma espécie de centro energético alimentado pelos poderes físicos do corpo - de que essas manifestações externas são apenas um sinal indicativo”.
FIQUE POR DENTRO - Origem e difusão
Em fins do século XVI surge uma nova tendência nas artes. É a escola denominada ´Barroca´, enfática, violenta, agitada, que dominou até o século XVIII. Fundiu elementos de outras escolas - da arte gótica e renascentistas. Mas, ao mesmo tempo, rompeu com muitos valores. Abandonou o senso de equilíbrio geométrico. O objetivo maior foi despertar surpresas e emoções. Por intermédio de complexos jogos especiais de luz e sombra, os artistas barrocos obtiveram contrastes de diversos relevos a partir de uma escultura. As proporções da figura humana foram, por vezes, distorcidas para avivar a dramaticidade. O novo estilo se definiu e se firmou à atuação da Igreja Católica, que teve seu prestígio abalado pela Reforma Protestante. O Concílio de Trento dita as normas para a arte religiosa, substituindo o humanismo renascentista pela busca dos valores sobrenaturais e religiosos. Embora tenha produzido excelentes obras no urbanismo, o barroco se sobressai na arte religiosa.
Barroco: termo de origem espanhola ‘Barrueco’, aplicado para designar pérolas de forma irregular.